Coluna da Seliane Ventura – Conflitos de gerações no mercado de trabalho

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Falar sobre gerações não é um assunto novo, desde a época de Platão já se falava sobre, porém no discurso atual, se ganha outras abrangências, inclusive no que tange o trabalho.

Convívio entre gerações existe em todas as esferas, seja familiar, escolar, social, profissional, mas a liberdade com que se posicionam hoje, as novas gerações, faz muita diferença nesse conflito.

Segundo Chiuzi, Peixoto e Fusari (2011), essas diferenças entre gerações se dão principalmente nos quesitos: visão de mundo, autoridade, limites de comportamentos e valores, mas existem outros, que afetarão direta ou indiretamente o grupo.

O fato é que se difere, e para entender isso é necessário ter uma visão do todo, saber sobre o contexto sócio-histórico-econômico em que se encontram, o que influenciou suas crenças, valores e prioridades. Isso é marcado pela época em que cada geração se desenvolveu (CHIUZI, PEIXOTO E FUSARI, 2011).

Cada geração, seja a de infantaria, a silenciosa, a baby boomer, a x, a y, a z, ou as próximas que virão, é um produto de eventos históricos, pois um fenômeno social interfere na construção dos comportamentos, ações e atitudes. Pensando nesse aspecto, a psicologia busca estudar as gerações em sua singularidade. Sendo assim, podemos dizer que estudar as gerações é traçar um mapeamento cultural, dividindo-os por parcela de idades (CHIUZI, PEIXOTO E FUSARI, 2011).

Segundo Washburn apud Chiuzi, Peixoto e Fusari (2011), em seu artigo para revista Pshysician executive, cinco são as categorias geracionais já discutidas. Mas atualmente, já podemos falar de mais uma, a geração Z. Lembrando que pode haver diferenças de descrição e datas sobre elas dependendo do autor. São elas:

* Geração de infantaria (1901 a 1925) – Geração que passou pela 2ª Guerra Mundial (os que lutaram e sobreviveram à mesma), evidenciada pelo heroísmo, crédulos na virtude humana e na mobilidade social. Com características marcantes de cidadania e um agrupamento fraternal/profissional.

* Geração silenciosa (1926 a 1945) – Como eram novos para lutar na guerra, nasceram e se desenvolveram com sentimento de admiração pela geração anterior. Dessa forma, é uma geração marcada pelo patriotismo e sacrifício próprio para um bem comum. Com a visão de que haviam herdado um “mundo melhor” pós-guerra buscava entender o mundo e não muda-lo. São chamados de silenciosos por ser uma geração com princípios de ordem, fé e patriotismo.

* Geração Baby Boomer (1945 a 1964) – Geração de maior expressão em quantidade (para a época) chegou a 76 milhões de pessoas, esse nome tem como tradução livre “explosão de bebês”. Razão pela qual teve grande impacto na economia. Para alguns autores era a geração que não aceitava autoritarismo ou princípios institucionais, também chamados de individualistas. Para outros autores, era a geração “paz e amor”, pois tinham aversão aos conflitos armados, geração da música, arte e cultura.

* Geração X (1965 a 1981) – Com sentimento de que receberia menos da geração anterior em relação a bens materiais, fez com que fosse uma geração com características marcantes de valores familiares e vínculos fortes de amizades. Mas também é uma geração marcada pela insegurança devido à instabilidade do mundo em que se encontravam, expostos a um “mal incerto”, um futuro hostil, pois tudo mudava rapidamente e continuamente. Respeitam a experiência. Geração que pegou o surgimento da internet, computadores, celular, email.

* Geração Y (1982 a 1995) – Geração da tecnologia, pois nasceram em meio a essa ascensão. Geração que já nasceu internalizando a tecnologia. Acelerados e imediatistas. Se a geração anterior achava que tudo mudava rapidamente, aqui é ainda mais acelerado. Geração de estímulos diversos e tarefas múltiplas, de vínculos mais frágeis.

Falando no mundo do trabalho, é uma geração em alta adentrando esse mercado. São vistos como jovens que conseguem o que querem, têm dificuldades em se submeterem à tarefas subalternas de início de carreira, não se satisfazem com qualquer salário. Geração tida como ambiciosos e sensíveis à frustração.

Os nascidos em meados dos anos 90, já são tidos como a geração Home Office, dos Blogs, mídia, canais do Youtube, publicidade e etc. (Alguns autores chamam a geração desse período de Z, outros ainda os classificam de Y, pois é a transição de uma para a outra e as datas divergem).

O que se percebe, no mercado de trabalho, que essa geração não se prende muito tempo em um único emprego, é comum ver essa rotatividade entre eles, pois estão sempre em busca de novas oportunidades, algo que os satisfaçam , gostam de desafios. Ao contrário da geração X, que por vezes, se mantinham até aposentar em um único emprego, e não só por estima à instituição, mas pelos vínculos de amizade que construíam.

A geração X talvez veja a geração Y, como irresponsáveis por viverem um futuro incerto. Mas, como vimos anteriormente, a geração Y é do imediatismo, pensa no agora.

A Geração Z está caminhando para o mercado de trabalho, são nossas crianças e adolescentes/jovens. Prematuro talvez definir muito de suas características no mundo do trabalho, porém podemos prever algumas coisas, pois já são chamados de “nativos digitais”. Para eles, a globalização não foi algo adquirido com o passar do tempo, pois eles já nasceram em sua existência. Se, achávamos a geração Y muito estimulada, essa é três vezes mais. Por terem contato com tecnologia desde bebês, na era das redes sociais, são pessoas com maior dificuldade de interação social. Têm acesso a tantas informações, que não se vêm buscando uma única coisa para fazer na vida, inclusive profissionalmente.

Pensando só pela perspectiva dos conflitos entre X e Y, que é o maior grupo no mercado de trabalho atualmente, as dificuldades são perceptíveis, mas pode ser contornáveis se buscar estratégias de comunicação entre as partes. Articular experiência com dinamismo, com cronogramas de curto prazo (melhor dividir em duas etapas as atividades do que expô-los a um cronograma extenso, pois não terão paciência para tal ação), espaço para exporem ideias e discuti-las, isso faz com que melhore a interação entre as partes.

O filme “Um Senhor estagiário”, lançamento com Robert De Niro e Anne Hathaway, mostra esses conflitos e como aprenderam a conviver partilhando o que sabiam, mesmo sendo de gerações mais distantes.

Mesmo que difícil, pode haver comunicação entre as gerações e se faz necessário para um melhor clima organizacional e para a produtividade. Basta buscar as melhores estratégias. O importante é um ambiente laboral saudável para todos os envolvidos.

Autora: Seliane Ventura – Psicóloga CRP 04/40269 – Psicóloga Clínica e Organizacional, com extensão em Psicologia Hospitalar pela Fundação de Apoio ao Hospital Universitário de Juiz de Fora

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