Esgoto da Casa de Saúde Santa Lúcia é jogado no Rio Muriaé sem tratamento

Esgoto é jogado sem tratamento no Rio Muriaé

A Casa de Saúde Santa Lúcia, localizada no Bairro Coronel Izalino, estaria jogando esgoto do prédio sem tratamento no Rio Muriaé. O registro acima foi realizado por um internauta que preferiu não se identificar. Pela foto é possível verificar uma mancha escura de cor vermelha, que não estaria vindo das obras em volta.

As imediações da Casa de Saúde passam atualmente obras de recuperação das áreas afetadas pela enchente em Muriaé

. Moradores da região relatam que o problema vem de longa data e alguns sugerem que a administração da instituição aproveite o momento para realizar as obras de tratamento de esgoto.

Estudo encontra bactérias resistentes a antibióticos em esgoto de hospitais

Um trabalho inédito no Brasil, coordenado pelo pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Dalton Marcondes Silva, e realizado em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz, verificou a presença de bactérias resistentes a antibióticos em um sistema de tratamento de esgoto hospitalar. A pesquisa alerta para o cuidado no tratamento dos efluentes hospitalares e a dificuldade orçamentária para utilizar modelos que eliminem completamente esses patógenos.

“Eficiência de uma estação de tratamento de esgoto hospitalar por processo anaeróbio na remoção de vírus da hepatite A, enterobactérias e resistência a antibióticos” é o título do projeto, que teve início na dissertação de mestrado de Tatiana Prado, e o objetivo inicial de verificar a presença de patógenos no lodo de estações de tratamento hospitalares visando a avaliação da possibilidade de utilização agrícola desse lodo. “Ao longo do trabalho verificou-se que seria mais interessante estudar as características dos efluentes hospitalares e a eficiência da estação na redução dos microrganismos e, assim, o estudo da utilização agrícola do lodo foi abandonado”, revelou Dalton Marcondes. Nesse projeto verificou-se a eficiência da estação de tratamento de esgotos na remoção de parâmetros físico-químicos, de forma a atender a legislação e mostrar que apesar do bom funcionamento da estação a redução dos microrganismos pode ser muito pequena.

De acordo com o coordenador, a questão que envolve o tratamento de efluentes hospitalares é tratada por lei em alguns Estados brasileiros e tema de grande preocupação do governo federal. Mas há uma grande discussão sobre a diferença entre os efluentes hospitalares e o doméstico, e esse foi um dos aspectos que motivou a realização do estudo.

Segundo o pesquisador, há diversas pesquisas no Brasil que demonstram que as bactérias nesses dois ambientes possuem as mesmas características. Logo, não deveria haver um esforço adicional na eliminação de bactérias, vírus ou protozoários de efluentes hospitalares. No entanto, estudos feitos fora do Brasil demonstram que as bactérias hospitalares, pelo fato de terem passado por um sistema dentro do hospital onde as pessoas recebem antibióticos, apresentam maior resistência a eles. E mais do que isso. “Pelo fato de estarem dentro de uma estação com bactérias resistentes e outras não, há uma troca de material genético entre elas, criando um grupo resistente. Esse estudo, porém, nunca havia sido realizado no Brasil”. Para Marcondes, o atual modelo de desinfecção ainda não elimina um número considerável de bactérias e vírus.

Fonte: Guia Muriaé, com informações da ENSP