Os alimentos ultraprocessados são formulações industriais que contêm cinco ou mais ingredientes típicos da indústria. Refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, hambúrgueres e macarrão instantâneo são exemplos comuns desses produtos. Eles geralmente são ricos em calorias e pobres em nutrientes, sendo frequentemente realçados por altas concentrações de sódio e corantes artificiais.
O estudo se baseia na classificação NOVA, que agrupa alimentos de acordo com o nível de processamento, conforme estabelecido pelo Guia Alimentar para a População Brasileira. A pesquisa analisou os hábitos alimentares de 2.572 graduados e pós-graduandos vinculados a universidades em Minas Gerais entre 2016 e 2020, com uma média de idade de 36,1 anos.
Os resultados são alarmantes, pois indicam que adultos que consomem de 32% a 72% de suas calorias em alimentos ultraprocessados apresentaram um risco 82% maior de desenvolver depressão ao longo do tempo. O estudo foi publicado no Journal of Affective Disorders, uma revista oficial da Sociedade Internacional de Transtornos Afetivos.
Para realizar a pesquisa, a equipe usou dados do projeto Coorte de Universidades Mineiras (CUME), que avalia o impacto do padrão alimentar brasileiro no desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Sete universidades em Minas Gerais participam do estudo multicêntrico.
A pesquisadora Arieta Carla Gualandi Leal, do Departamento de Nutrição e Saúde da UFV, destaca que o estudo teve como base respostas a questionários detalhados sobre hábitos alimentares, incluindo informações sobre a quantidade diária de 144 alimentos diferentes. Ela enfatiza que os resultados levaram em consideração fatores que poderiam influenciar os resultados, como sexo, idade, atividade física e consumo de álcool.
Os pesquisadores observaram que, isolando esses fatores, ainda havia uma correlação estatisticamente significativa entre o consumo de alimentos ultraprocessados e a depressão. Embora os resultados não possam ser generalizados para toda a população brasileira, eles destacam a necessidade de políticas públicas para reduzir o consumo desses alimentos e regulamentar sua formulação.
A depressão é uma doença multifatorial, e essa pesquisa fornece insights importantes sobre como a alimentação pode afetar a saúde mental, particularmente em um grupo de adultos economicamente ativos entre 20 e 50 anos e com alto nível de escolaridade. O estudo destaca a importância de considerar a relação entre a dieta e a saúde mental na busca de uma população mais saudável.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do Estado de Minas