Os primórdios de Muriaé é tema para inúmeras indagações, mas, não é nosso objetivo aqui debater sobre a quem devemos atribuir verdadeiramente o descobrimento de Muriaé, se aos campistas ou a Constantino Pinto. Até que pesquisas mais apuradas nos afirmem o contrário, podemos considerá-lo o fundador da nossa cidade, uma vez que pesquisas já realizadas afirmam que “pelo curso superior do rio Muriaé, a mando do Capitão Guido Thomas Marliére, Diretor Geral dos índios, chegou aqui no ano de 1817, Constantino José Pinto”. Mas, somente em 1819, após o Auto de Medição das terras destinadas aos índios, é que Constantino veio definitivamente aqui se estabelecer. Seu quartel ficava no local exato onde, hoje, ergue-se a Igreja do Rosário. Como Vice-Diretor de índios, promoveu o crescimento da então aldeia de São Paulo do Manoel Burgo (Muriaé), e ampliou o comércio da poaia com os indígenas da tribo Guarus ou Guarutos, que aqui viviam e eram geralmente chamados de puris. A história mostra-nos que essa relação colonizador X colonizado nem sempre ocorreu de maneira pacífica.
Entretanto, segundo Oiliam José, nas suas notas para a História de Visconde do Rio Branco, no arquivo paroquial daquele município, verifica-se que o nome de Constantino era aproveitado pelos indígenas para batizar seus filhos. Aos índios procurou dar instrução e buscou encaminhá-los na religião cristã. Essa era a prática dos colonizadores, influenciando os povos conquistados com seus costumes e valores.
De acordo com o inventário deixado por sua esposa, Venância Angélica da Luz, verificamos que Constantino foi proprietário de valiosos bens em terras, gado, objetos, dinheiro e escravos. Ao deixar seu posto de Vice-Diretor de índios, passou a residir em Patrocínio do Muriaé, onde adquiriu e explorou propriedade agrícola. Posteriormente, voltou a Muriaé.
Estando já viúvo e idoso, faleceu neste município, no dia 12 de junho de 1863. Não há vestígios de sua tumba, nem notícias do local onde foi enterrado.
Para não esquecermos nossas origens e nosso passado, o nome de Constantino Pinto ficou registrado na nossa memória ao ser dado seu nome a uma das principais ruas da cidade. Seu nome ficou, assim, eternizado na nossa história. Infelizmente, a única imagem que restou dele foi este quadro apagado, pendurado na parede da “venda” de seu neto João Baião.
Autor: João Carlos Vargas e Flávia Alves Junqueira – Memorial Municipal de Muriaé