Fentanil: droga com efeitos devastadores e que tem provocado onda de overdoses estava a caminho de Muriaé

Onda de overdoses matam quase 300 por dia apenas no EUA. O fentanil é um produto farmacêutico que pode ser prescrito por médicos para tratar dores intensas.

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Uma ação conjunta entre policiais do 29º Batalhão de Polícia Militar e da 143ª Delegacia de Polícia Civil de Itaperuna resultou na prisão de um homem de 54 anos por tráfico de drogas interestadual. Durante a operação, foi apreendido um material suspeito que inclui 1kg de cocaína, 4,5 litros de éter e 50 ampolas de fentanil, uma droga com efeitos devastadores.

Segundo a perícia, esses produtos são comumente utilizados no preparo de outras substâncias ilícitas, e há informações de que drogas como a K2 e K9 (conhecidos como “drogas zumbi”) têm o fentanil em sua composição.

O delegado da 143ª DP, Dr. Eduardo Cruz, ressaltou que esta é a primeira apreensão desse tipo de material em sua carreira. “Encontramos escondidos no forro do veículo três garrafas de éter, utilizado no refino da cocaína, e no forro lateral do banco traseiro, lado esquerdo, 50 ampolas de 10 ml cada do composto citrato de fentanila, além de dois pacotes de cocaína”, informou o delegado.

A operação foi desencadeada após um levantamento de informações do setor de inteligência da PM, que identificou que a carga, proveniente de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, tinha como destino final Muriaé, na Zona da Mata Mineira.

O fentanil é um opioide sintético 50 vezes mais potente que a heroína e tem sido associado a um aumento significativo nas overdoses nos Estados Unidos. Este ano, as overdoses ultrapassaram a marca de 100 mil mortes no país, sendo mais de 66% relacionadas ao fentanil.

O tenente Dhiones Sousa, chefe de Relações Públicas do 29º BPM, tranquilizou a população, afirmando que estão intensificando os esforços para garantir a segurança. O suspeito, que estava em um veículo com placa de Leopoldina, cidade mineira, está sob custódia aguardando a audiência.

Estudo da Fiocruz aborda uso crescente de fentanil no Brasil

A primeira apreensão de fentanil ilícito no Brasil, ocorrida em março, no Espírito Santo, acendeu o alerta sobre as estratégias de controle e prevenção da circulação e do uso da droga no país. Os riscos e desafios do Brasil, porém, devem ser interpretados no contexto de importantes fatores diferenciadores do cenário dos Estados Unidos, país que enfrenta uma grave crise de opioides. As análises e recomendações fazem parte do comentário Reports of rising use of Fentanyl in contemporary Brazil is of concern, but a US-like crisis may still be averted (tradução livre: Relatos de uso crescente de fentanil no Brasil contemporâneo são preocupantes, mas uma crise semelhante à dos Estados Unidos ainda pode ser evitada), de autoria de Francisco Inácio Bastos, pesquisador titular do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), e Noa Krawczyk, professora assistente do Centro de Epidemiologia e Política de Opioides da NYU Grossman School of Medicine. O artigo foi publicado nesta terça-feira (9/5), em versão online da revista The Lancet Regional Health – Americas.

A publicação do comentário sobre o crescente uso da droga coincide com o Dia Nacional de Conscientização sobre o Fentanil. A data é promovida anualmente em 9 de maio, nos Estados Unidos, onde a substância já lidera as mortes causadas por overdose. Estima-se que no país morram, anualmente, cerca de 70 mil pessoas por uso indevido da droga, o que vem despertando a atenção das autoridades das áreas Saúde e de Segurança Pública, uma vez que o produto causa rápida dependência química.

O artigo do pesquisador da Fiocruz e da professora da NYU destaca importantes medidas que o Brasil pode adotar, por meio de autoridades e órgãos de regulação, para controlar a utilização da substância. Para isso, as experiências já ocorridas nos EUA trazem lições fundamentais. Segundo Inácio Bastos, o sistema de alerta brasileiro vem agindo corretamente. Ele ressalta, porém, a importância do foco nas ações ligadas ao controle da demanda.

Investimento em vigilância e pesquisa contínuas para entender os padrões de mudança de uso e abuso de substâncias na população brasileira e também integração das apreensões com análises toxicológicas criteriosas são algumas das ações e medidas recomendadas pelos especialistas. Segundo eles, é fundamental melhorar a vigilância do fentanil médico e de outros opioides, evitando potencial desvio e uso indevido, especialmente em ambientes ambulatoriais. O pesquisador da Fiocruz ressalta ainda a importância da adoção de protocolos de tratamento e conscientização dos profissionais de saúde que atendem na porta de entrada – emergências – dos setores público e privado.

Os autores ressaltam que, apesar dos alertas e ações necessários, não há motivos para pânico. “Até agora, a ameaça emergente de uma potencial crise de saúde pública impulsionada pela disseminação do fentanil foi basicamente tratada por uma mídia proativa, poucos grupos de pesquisa e as respostas imediatas da Anvisa. Um compromisso da sociedade civil, da comunidade científica e do governo em todos os níveis é extremamente necessário”, afirmam Francisco Inácio Bastos e Noa Krawczyk.

Francisco Inácio Bastos é graduado em Medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mestre em Saúde Coletiva pela Uerj e doutor em Saúde Pública pela Fiocruz, com estágios de pós-doutorado/pesquisador visitante em países como Alemanha, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos. É pesquisador titular do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do Icict/Fiocruz.

Fonte: Guia Muriaé, com informações do G1 e Fiocruz

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