Coluna do Carlos Cerqueira – Ervas doces e saudáveis

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Há diversas plantas conhecidas popularmente pelo nome de erva-doce, as duas primeiras a serem citadas, pertencem à mesma família botânica e têm bastante aspectos em comum, a terceira é uma grande solução para evitar os malefícios de alguns adoçantes. Vamos a elas:

A Foeniculum vulgare, também conhecida por funcho ou erva-doce-brasileira, apesar de nativa da Europa, é amplamente cultivada no Brasil. Seu óleo essencial é muito utilizado pela indústria alimentícia e por farmácias, para aromatizar alimentos e medicamentos. Seus frutos amarelos, que para os leigos parecem flores, são aproveitados, desde tempos remotos, para tratar problemas digestivos, principalmente gases e cólicas.




Estudos laboratoriais confirmaram essa qualidade espasmolítica (combate cólicas) e estimulante das funções digestivas, além das atividades inseticida e antifúngica.

O professor e farmacêutico Francisco Matos relata no seu livro “Plantas Medicinais no Brasil”, sobre o efeito que a luz solar provoca no óleo essencial dessa erva, transformando o trans-anetol, não tóxico, em cis-anetol, que é tóxico, o dianetol e o fotoanetol, que têm atividade estrogênica (hormonal), de certo modo, explica o uso popular da planta nos casos de distúrbios menstruais e como galctagoga (estimula secreção de leite).




O anetol, que lhe confere aroma e sabor característico, representa 95% do seu óleo essencial, mas a espécie possui ainda ácido málico (o mesmo encontrado em maçãs) e caféico (encontrado no café), além de carboidratos, proteínas e esteroides.

Tais substâncias também são encontradas na Pimpenella anisium, esta outra erva-doce é mais conhecida por anis ou anis-estrelado. De origem asiática, é pouco cultivada no Brasil, exceto na região sul.




O anis ficou famoso no auge da epidemia de gripe suína (H1N1), por ser usado pela indústria farmacêutica na fabricação do medicamento anti-viral oficialmente indicado no combate à referida doença.

A maioria das propriedades medicinais deste vegetal são semelhantes às da erva-doce-brasileira: carminativa (elimina gases do aparelho digestivo), combate cólicas e estimula a lactação. Há relatos de ter efeito analgésico no tratamento das dores de cabeça, seus frutos brancos são muito utilizados comercialmente, assim como a Foeniculum, para conferir sabores e aromas agradáveis.




Matos afirma ser o chá internacionalmente aprovado como medicação contra resfriado, tosse e bronquite, febre e cólicas, inflamação na boca e na garganta, além, é claro, no combate à má digestão. Recomenda prepará-lo colocando água fervente (infusão) em uma xícara contendo uma colher de café dos frutos, abafar e tomar quando tiver esfriado.

Porém das três ervas-doces, a que mais merece este nome, pois possui uma substância chamada esteviosídio, com poder adoçante 300 vezes maior que o da sacarose da cana-de-açúcar, é a Stevia rebaudiana, ou simplesmente estévia, como é mais conhecida.




Descoberta pelos colonizadores quando entraram em contato com os índios tupi-guaranis, eles relataram ter encontrado uma planta entre os nativos, que de tão doce, uma única folha era suficiente para adoçar um bule cheio de café, essa informação fez com que seu uso se difundisse na Europa.

Graças a essa sua extraordinária propriedade, é muito utilizada como adoçante, tendo a vantagem de não provocar os efeitos colaterais de outros adoçantes industrializados. O ciclamato de sódio, por exemplo, já foi proibido nos Estados Unidos, e o aspartame gerou suspeita de ser carcinogênico a longo prazo, devido a testes feitos em animais, além de deflagar crises em portadores de enxaquecas. Foi chamado no livro “Prescription for Nutritional Healing”, de James e Phyllis Balch, como “veneno químico”.




O adoçante de estévia é comercializado hoje em quase todo o mundo. O escritor Silvio Panizza no seu livro “Plantas que Curam” descreve propriedades hipoglicemiantes, diuréticas, hipotensoras para o vegetal e conclui ser ele o adoçante mais apropriado para diabéticos.

H. Lewis no artigo intitulado “Economic Botany” cita o emprego da estévia contra obesidade, hipertensão, azia, para abaixar o nível de ácido úrico e como tônica para o coração.




Três espécies vegetais conhecidas como erva-doce…. dezenas de benefícios para a saúde!

Autor: Carlos Cerqueira Magalhães – Farmacêutico, M.e em Ciências Farmacêuticas (Produtos Naturais Bioativos) pela UFJF




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