Cineasta muriaeense terá filme de sua vida exibido nos EUA, como convidado de honra num dos principais festivais de cinema latino-americano

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O filme “Cinema uma Paixão”, rodado em Muriaé no ano de 2002, em 35mm, que conta a história do cineasta muriaeense Carlos Scalla, vai participar, como convidado de honra, do Oklahora Cine Latino Film Festival, que é dos mais representativos festival de cinema latino das Américas, que acontece no Estado de Oklahoma, nos Estados Unidos. Carlos Scalla faleceu em 29 de maio deste ano, mas já havia recebido no início do ano o convite para participação de seu filme no festival, o que foi motivo de grande alegria para ele. Este festival possui, numa de suas mais importantes vertentes, o reconhecimento de ações e feitos cinematográficos em todo o mundo.

O filme, contou com uma equipe de cerca de 40 técnicos e dezenas de atores da cidade e de renome nacional, com destaque para os atores globais Paulo César Grande e Cláudia Mauro, que interpretaram os pais do cineasta e o jovem Paulo Reis, do então programa “Gente Inocente”, que interpretou Carlos Scalla na sua adolescência. Quem assina a direção é o consagrado cineasta Jorge Moreno, outro importante ator e diretor do teatro e teledramaturgia brasileira, tendo sido Carlos Thiré, neto de Tônia Carreiro, o responsável pela preparação do elenco. O roteiro foi realizado pela jornalista Meire Rodrigues.

Bruno Scalla, filho do cineasta que segue os passos do pai e que é fundador e mantenedor do Museu que leva o seu nome – Museu do Cinema Carlos Scalla – como forma de homenageá-lo, disse que todos ficaram felizes e surpresos que, após 21 anos do lançamento do filme, e este ter percorrido festivais e mostras nacionais e internacionais, angariando prêmios por onde passou, ainda desperte o reconhecimento internacional por um festival de tamanha expressividade, ainda mais como convidado de honra, uma vez que apenas um filme de cada continente foi convidado. Bruno informa ainda que, em breve, o filme passará por uma remasterização e, após sua finalização, constará na grade de programação oficial.

Bruno, mantém ativo o Museu e atua na realização e direção de projetos, documentários, filmes, pesquisas, realização de festivais e mostras de cinema, além de iniciativas que valorizam a preservação do cinema por meio de exposições, restaurações, palestras e visitações para aqueles que buscam no Museu, uma forma de conhecimento e enriquecimento cultural. Além disso, tornaram-se referência na guarda e conservação de filmes históricos, regionais e nacionais. O filho do cineasta afirma que continuará evidenciando ainda mais o legado deixado pelo pai como forma de homenageá-lo e de inspirar as futuras gerações.

Uma história de amor ao cinema e grande superação

Com apenas treze anos de idade, Carlos Scalla, trocou sua bicicleta por um conjunto americano Keystone 16 mm, composto por uma filmadora e um projetor. Este foi o primeiro passo para possibilitar a materialização do sonho do jovem garoto, realizando, dessa forma, o seu primeiro curta-metragem, “Lei Sangrenta”, no ano de 1968, em preto e branco.

Por não haver a mínima estrutura para que este projeto se concretizasse, formou seu primeiro elenco com amigos, parentes e vizinhos, que colaboraram, ainda, na participação artística e financeira da produção.

O cenário escolhido constituía-se das matas próximas ao bairro onde residia, como rios e morros, e, por esse motivo, tanto no roteiro quanto nas filmagens, a natureza sempre se fazia presente contracenando com o protagonista.

Empolgado com a primeira produção, que além de dirigir foi ator coadjuvante, e com seu sonho juvenil se tornando realidade, Carlos Scalla produziu no ano seguinte outro filme, intitulado “O Homem da Selva”. Porém, ainda com poucos recursos, o cineasta improvisou e retratou nessa história sua preocupação com a natureza, cujo enredo se baseava em um homem, criado na selva, que ajudava um índio a proteger suas reservas da destruição dos brancos.

Já no ano de 1970, aquele garoto já mais experiente, com dezesseis anos, produziu mais dois filmes, no mesmo estilo dos anteriores, em 16 mm e em preto e branco, os quais receberam o título de “O Assalto Frustrado” e “O Vingador Mascarado”. Estas produções foram realizadas através da Scalla Filmes.

Em 1974, Carlos Scalla associou-se ao amigo Sílvio Gomes, pianista do Loid brasileiro, fundando a Muriaé Filmes Ltda.

Este empreendimento, que visava acompanhar a evolução do tempo, proporcionou a Carlos Scalla uma vasta experiência em produções cinematográficas. Realizou, através do Cine Jornal, “Cine-Fatos”, centenas de documentários, os quais foram exibidos por cerca de dez anos no Cine Vila Rica em Muriaé e em cinemas de cidades vizinhas, o que rendeu à Muriaé um acervo de quase 700 filmes que registraram a vida cotidiana e social da cidade, além de suas produções documentais e de ficção, sendo este um acervo de valor inestimável, exclusividade da cidade e de relevância nacional, que se mantém preservado no Museu.

Carlos Scalla viajava semanalmente para o Rio de Janeiro, onde revelava seus filmes, criando um ciclo de amizade com grandes atores e diretores consagrados, tais como: Augusto Cézar Vannucci, Wilton Franco, Paulo Porto, Olney Cazarré, Antônio Fagundes, Sandra Bréa, José Augusto Branco, ngela Leal, entre outros.

Em 1979, o cineasta conheceu um dos maiores nomes do cinema brasileiro, o mineiro Humberto Mauro, com quem conviveu na intimidade, tendo a oportunidade de conhecer detalhes da vida profissional e participando de diversas passagens importantes do amigo. O contato frequente entre eles só foi rompido com o falecimento de Humberto, em 1983.

Em 1987, quando as produções cinematográficas nacionais entraram em decadência, consequentemente, contra vontade própria, Carlos Scalla foi aos poucos sendo obrigado a paralisar as atividades da Scalla Filmes. Mas seu fascínio pela imagem, sua perseverança fez com que abrisse o leque de possibilidades, atuando além de supervisão de direção em produções nacionais, junto ao Centro de pesquisadores do Cinema Brasileiro com documentação e pesquisas de Pioneiros do Cinema Nacional como Moacyr Fenelon, material que deu origem à publicações em comemoração aos 60 anos da Atlântida Cinematográfica e subsidiando dezenas de pesquisas de importantes universidades como a FAAP.
Ao longo destes difíceis anos, realizou ainda documentários, filmes institucionais, comercias e videoclipes que, com a retomada das produções nacionais, desenvolveu com o mesmo entusiasmo de um garoto, suas produções cinematográficas.

Com o intuito de homenagear o cineasta e seu pioneirismo na região e pelo reconhecimento nacional, a Fundarte e a Prefeitura de Muriaé, em 2012 dedicaram à Carlos Scalla o nome da escola de audiovisual municipal que vem formando dezenas de alunos ao longo dos anos, que por vezes, tem a oportunidade de visitar o Museu, fundado por Bruno Scalla, que leva o seu nome e que conta a sua história, servindo de inspiração e fonte de conhecimento aos novos realizadores.

Sonho, ímpeto e perseverança, norteiam e mantém acesa a chama do “garoto prodígio” que fez do sonho uma profissão e um estímulo de vida.

Fonte: Bruno Scalla

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