Ex-PM denuncia assédio sofrido durante profissão em MG: ‘punida por não ceder’

Bruna Celle publicou vídeo-denúncia explicando o motivo de ter deixado o cargo de policial militar; ela relata casos de assédio moral e sexual

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Uma onda de denúncias de abusos sofridos por profissionais da segurança pública está abalando o estado de Minas Gerais.

Após o trágico suicídio da escrivã da Polícia Civil, Rafaela Drummond, de 32 anos, uma ex-policial militar decidiu quebrar o silêncio e expor os assédios morais e sexuais que teria sofrido durante o exercício de sua profissão. Em um vídeo-denúncia corajoso, Bruna Celle relata sua experiência e os impactos devastadores que sofreu ao enfrentar o assédio e a perseguição dentro da corporação.




Segundo o relato contundente de Bruna, ela foi alvo de investidas de colegas militares com quem trabalhava, e ao não corresponder a esses interesses, passou a ser vítima de ataques e represálias. “Quando eu comecei a dizer ‘não’, comecei a ser prejudicada”, afirma a ex-PM. A Polícia Militar, ao tomar conhecimento do caso, afirmou que está investigando as acusações e que o policial envolvido foi transferido para outra unidade a fim de garantir a segurança da vítima.

Bruna relata ter sido submetida a assédio moral e sexual, que resultou em uma série de consequências prejudiciais à sua carreira e bem-estar emocional. Ela conta que sua escala de trabalho foi propositalmente modificada, uma forma velada de punição. Mesmo tendo sido classificada com uma pontuação superior na seleção, Bruna deveria ter tido um horário de trabalho mais flexível, considerando sua situação familiar. No entanto, a ex-PM foi colocada em escalas de trabalho que a impediam de passar tempo com sua filha, resultando em desgaste emocional e físico.




A pressão para ceder às investidas dos assediadores foi intensificada pelos próprios colegas de trabalho, que a ridicularizavam e a chamavam de “sapatão” por não corresponder aos avanços indesejados. A ex-PM destaca que se sentia menosprezada e humilhada por ser mulher, mesmo tendo passado no concurso e demonstrado competência em seu trabalho.

Além do assédio e das represálias, Bruna foi alvo de processos administrativos injustos. Ela afirma ter recebido 15 processos em quase sete anos de serviço, enquanto outros policiais se aposentam sem enfrentar nenhum. Para Bruna, ficou claro que estava sendo perseguida.




O impacto dessas experiências traumáticas sobre a saúde mental de Bruna foi devastador. Ela revela ter desenvolvido crises de pânico, dificuldades para interagir com sua filha e doenças de pele, resultantes do estresse e da pressão enfrentados em seu ambiente de trabalho. A ex-PM buscou tratamento psicológico e psiquiátrico, chegando ao ponto de receber medicação intravenosa devido à gravidade de seu quadro depressivo.

Bruna também denuncia a falta de sigilo no tratamento psicológico oferecido pela Polícia Militar. Ela relata que as informações discutidas em suas consultas foram divulgadas, o que a colocou em uma situação ainda mais vulnerável.




No final de seu vídeo-denúncia, Bruna encoraja outros colegas que possam estar passando por situações semelhantes a procurarem ajuda e a considerarem outras opções fora da profissão. Ela afirma que “existe vida aqui fora” e que nada paga o respeito e o valor próprio. Sua coragem em compartilhar sua história visa trazer à tona a realidade do assédio e da perseguição vivenciados por profissionais da segurança pública e incentivar mudanças e ações efetivas para garantir um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.

Em resposta às denúncias, a Polícia Militar de Minas Gerais afirmou que foram instaurados procedimentos para apurar as acusações e verificar se houve crimes e transgressões disciplinares cometidos pelo policial acusado. A instituição reiterou seu compromisso com a verdade e afirmou que não tolera condutas de assédio sexual, moral ou preconceito, investigando todas as denúncias com severidade.




Fonte: Guia Muriaé, com informações do Jornal O Tempo




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