A seca severa e a ação humana são apontadas como os principais fatores que contribuem para o aumento dos incêndios em Minas Gerais. O estado possui o cerrado como bioma predominante, o segundo maior da América do Sul, perdendo apenas para a floresta amazônica. Embora o cerrado tenha uma certa adaptabilidade ao fogo, as chamas de grandes proporções, geralmente causadas pela ação humana, representam um desafio para a vegetação.
O professor Bernardo Gontijo, do Instituto de Geociências da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que o cerrado é propenso a incêndios durante a estação seca, devido à ausência de água no ecossistema. A vegetação seca se torna altamente suscetível às queimadas. No entanto, ele ressalta que os incêndios naturais tendem a evoluir pouco, ao contrário daqueles provocados pela ação humana, que podem atingir grandes proporções.
Cristiano Reis, coordenador da Brigada Florestal Voluntária Guardiões da Serra, destaca que a intervenção humana é responsável pela maioria dos incêndios de grande porte. Muitas queimadas são causadas pela prática de abertura de pastagens através do fogo, que acaba se alastrando para áreas de preservação. Estima-se que pelo menos 90% dos incêndios de grandes proporções sejam resultado da ação humana, seja intencional ou acidental.
As áreas do Parque Nacional da Serra do Cipó e da Lapinha da Serra, próximas a Belo Horizonte, são particularmente vulneráveis ao aumento das chamas. A previsão é que os incêndios se tornem mais frequentes no final deste mês, com o pico entre agosto e setembro. Regiões que não foram afetadas por incêndios no ano passado são ainda mais suscetíveis, pois possuem uma acumulação de matéria orgânica que serve como combustível para o fogo.
Diante desse cenário preocupante, o governo de Minas Gerais lançou o programa “Minas Contra o Fogo”, com o objetivo de capacitar e formar brigadistas municipais para combater os incêndios florestais. Além disso, serão intensificadas as ações de fiscalização para coibir práticas que resultem em incêndios. Drones e viaturas foram entregues aos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental.
A seca deste ano é agravada pelo fenômeno El Niño, que afeta o regime de chuvas em várias regiões do país. Diante desse contexto, é fundamental que a população esteja consciente dos riscos e evite ações que possam provocar incêndios, como o descarte inadequado de cigarros e a queima de lixo em áreas próximas a vegetações. A preservação do meio ambiente é responsabilidade de todos e a prevenção é a melhor forma de evitar tragédias causadas pelos incêndios florestais.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do Jornal Estado de Minas