Reino Unido elogia atuação brasileira no combate ao uso excessivo de antibióticos

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Representantes do governo britânico estiveram no Ministério da Saúde na ultima quarta-feira (07) para apresentar estudos que chamam a atenção para os problemas relacionados à resistência antimicrobiana. A professora e pesquisadora Sally Davies e o economista Jim O’Neill participaram de um encontro com o ministro da Saúde, Marcelo Castro.

O objetivo da vinda ao Brasil é alertar autoridades, empresas farmacêuticas e produtores do setor agrícola-pecuário sobre os riscos associados ao aparecimento e à propagação de bactérias com resistência aos medicamentos. Os pesquisadores já se reuniram com instituições como UFRJ, Fiocruz, Anvisa e Fundação Getúlio Vargas. Além disso, com a visita ao país os pesquisadores pretendem conhecer o que é feito no Brasil em termos de pesquisa e de políticas públicas para enfrentar este problema.

A professora e pesquisadora Sally Davies é conselheira-chefe do Governo Britânico para Assuntos de Saúde e o economista Jim O’Neill, também conhecido por ter criado em 2001 o termo BRIC para denominar as economias emergentes Brasil, Rússia, Índia e China, coordena a pesquisa encomendada pelo Reino Unido para apurar o custo humano e financeiro dos riscos de infecções resistentes a medicamentos.

Em entrevista ao Blog da Saúde, os especialistas comentam a importância da atenção ao uso excessivo de antibióticos.

Tanto o Brasil quanto o Reino Unido possuem um grande sistema público de saúde. O Reino Unido também enfrenta um problema com uso e prescrição de antibióticos?

Davies – No Reino Unido os antibióticos só podem ser comprados com prescrição médica, mas 80% são prescritos no âmbito da comunidade. (não entendi o que quer dizer). E aí nós temos alguns problemas em relação a educação dos médicos e também o entendimento dos pacientes. Frequentemente os pacientes dizem “eu estou com a garganta ruim e preciso de antibióticos”. É uma interação complicada com o médico e algumas vezes ele prescreve, mesmo quando não é indicado. Por isso, algumas vezes tomamos mais antibióticos do que precisamos. Isso é um costume que nos preocupa e precisamos educar os médicos e os pacientes quanto a este assunto. É muito importante que todos usem de forma mais eficiente os antibióticos, para que no futuro eles ainda tenham efeito. Nós temos um problema com acesso a novos antibióticos. E se não cuidarmos dos antibióticos que temos hoje, talvez eles não sejam efetivos para as gerações futuras.

Como vocês avaliam o Brasil na questão do uso excessivo de antibióticos?

O’Neill – Esta é a primeira que vez que viemos ao Brasil para discutir este assunto e é muita presunção dizer que sabíamos qual era a situação do país. Minha experiência, depois de três dias aqui, é bem encorajante. Os gestores das políticas públicas do país estão lidando exatamente com as questões principais. As empresas farmacêuticas também estão muito focadas em produzir novos antibióticos, o que é muito raro neste mercado. Se pudermos replicar este modelo ao redor do mundo, seria muito bom. As empresas com quem nos reunimos, que lidam com produção agrícola, também são muito sofisticadas. Estou positivamente surpreendido, mesmo sabendo que os desafios são muito grandes.

Davies – Nós temos um problema global com a questão do uso excessivo de antibióticos. Eles são utilizados para infecção errada, quando não possuem efeito, na dose errada ou até um medicamento falsificado. Não é um problema nosso, ou de vocês, é um problema de todos. Fiquei impressionada com o fato do Brasil ter introduzido, em 2011, a obrigatoriedade de prescrição médica para o uso do antibiótico. Mas também vemos claramente que existe um problema de acesso aos medicamentos principalmente as pessoas de baixa renda. Todos temos o problema da presença de superbactérias em nossos hospitais e precisamos progredir para melhorar. O ponto de partida é o saneamento e a higiene no setor de saúde, nos hospitais, na preparação de alimentos. Outra área que temos interesse é a redução do uso de antibióticos em animais. Já ouvimos excelentes histórias sobre experiências inovadoras muito positivas. Isso deixa bem claro que o Brasil está progredindo bastante.

Como vocês acham que o Brasil pode colaborar no projeto de forma global?

O’Neill – O Brasil pode ajudar de diversas maneiras. Já que o país é um produtor agrícola tão importante de forma global, pode colaborar com a redução do uso errôneo de antibióticos na produção e demonstrar para outros países, inclusive para os Estados Unidos, que existem maneiras inteligentes de se progredir. Isso é algo que eu vou levar como experiência. Iremos publicar um artigo sobre agricultura em dezembro e, com certeza, vamos ressaltar este ponto. Além disso, o Brasil faz parte do BRICS e os líderes políticos do grupo, às vezes, acham difícil identificar questões comuns, mas a resistência a antibióticos é uma questão global e afeta todos os países. O Brasil pode ajudar a construir uma postura coletiva para os países líderes. Fiquei muito impressionado com a nossa reunião com a Fiocruz, por ignorância não conhecia a sua existência, e ela produz coisas muito importantes para resolver alguns dos novos desafios. Uma das nossas propostas é um fundo global de pesquisa e desenvolvimento e adoraríamos que o governo e empresas privadas brasileiras fizessem parte deste fundo.

Fonte: Gabriela Rocha / Blog da Saúde

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