Resíduos de agrotóxicos: Qual ingestão real no Brasil

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Nos últimos anos tem sido veiculada na mídia, sites, redes sociais e até em campanhas, a informação de que desde 2008 o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos. É verdade! De fato, em números absolutos, ultrapassamos os Estados Unidos e passamos a ser o maior mercado mundial de tais substâncias. O crescimento do país na primeira década do século XXI, com intensificação da produção agropecuária visando as crescentes demandas dos mercados interno e externo, explica em parte o vertiginoso aumento no uso de agroquímicos.




Porém, esses dados estatísticos são muitas vezes acompanhados da afirmação, improcedente, de que a população brasileira “ingere 5,2 kg de agrotóxicos por ano”. Esse valor foi obtido a partir da divisão da quantidade total de agrotóxicos utilizados durante um ano pela população do país. Tal cálculo passa a falsa impressão de que toda essa quantidade poderia estar sendo consumida gradativamente, através dos alimentos, ao longo do ano.

A informação não procede. Seguem alguns fatores que a desmentem: 1. Grande volume de agrotóxicos é utilizado em soja e outras culturas agrícolas empregadas para ração animal, principalmente para exportação. Mesmo considerando a quantidade destinada ao mercado interno, sob forma de óleo e outros produtos processados, deve-se ter ciência que boa parte dos resíduos se degrada, sendo eliminada durante o processamento do vegetal até virar o produto que será adquirido nas prateleiras do supermercado; 2. Da mesma forma, considerável quantidade de produtos é aplicada nas culturas de algodão e cana-de-açúcar, majoritariamente utilizadas na confecção de roupas e na produção de etanol como combustível veicular, respectivamente; 3. Muitos produtos, registrados como agrotóxicos, são aplicados em culturas de uso não alimentar, em tratamento de madeira, ou ainda, o chamado uso não agrícola, como em plantações de eucaliptos, pinus, plantas ornamentais para a floricultura, margens de rodovias e ferrovias, etc., não vão para o prato de comida dos brasileiros; e 4. Quando os agrotóxicos são pulverizados nas culturas agrícolas alimentares propriamente ditas (frutas, hortaliças, cereais, etc.), apenas uma pequena fração é absorvida pela planta e poderá ser ingerida na forma de resíduos, a maior parte escoa pela lavoura e vai parar no solo. Além desses fatores, ocorre também degradação química com o agrotóxico residual no interior do alimento durante o tempo decorrido da colheita na lavoura até chegar ao prato. Ainda no caso de culturas agrícolas que não são consumidas in natura (ex. feijão, arroz, batata, trigo, café…), há significativa perda pela lavagem, cozimento e fritura.




Fazendo-se uma correção com todos esses fatores elencados, dentre outros, veremos que apenas um diminuto percentual dos cerca de 5 kg (ou litros) anunciados é na realidade ingerido pela população, por meio da alimentação.

Fonte: Click Saudável




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