Criança de 10 anos baleada na cabeça por policial é transferida de Ponte Nova para JF; estado é considerado gravíssimo, diz pai
Lavínia Freitas de Oliveira e Souza, de 10 anos, foi atingida na cabeça durante trajeto de volta da casa dos avós, em Porto Firme
Foi transferida na tarde desta quarta-feira (18) para a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora a menina Lavínia Freitas de Oliveira e Souza, de 10 anos, baleada na cabeça por um policial penal no último domingo (15), em Porto Firme, na Zona da Mata mineira.
A criança estava internada no Hospital Arnaldo Gavazza Filho, em Ponte Nova, e o deslocamento foi realizado por uma aeronave inter-hospitalar do Corpo de Bombeiros, que garantiu um transporte rápido e seguro, segundo a corporação.
De acordo com o pai da criança, Marcelo de Oliveira e Souza, o estado de saúde da filha é gravíssimo:
“Ela está entubada, sedada, monitorada por aparelhos e com alto risco de vida. A família pede orações para que ela consiga se recuperar”, disse.
A Santa Casa informou que Lavínia deu entrada no CTI da unidade por volta das 18h. Ela permanece sedada, em ventilação mecânica. Segundo o Samu, o projétil entrou pelo lado direito da cabeça e saiu pelo esquerdo. Até domingo, a menina não apresentava resposta motora.
Tiros durante retorno para casa
O caso ocorreu no momento em que Lavínia voltava da casa dos avós, em companhia do pai, sentada no banco do passageiro. Durante o trajeto, o veículo da família foi atingido por disparos efetuados pelo policial penal Márcio da Silveira Coelho, de 34 anos, morador de Viçosa, que foi preso em flagrante.
À Polícia Militar, o agente alegou ter levado uma “fechada” no trânsito e, por se sentir ameaçado, efetuou os disparos.
Na terça-feira (17), a Justiça converteu a prisão em preventiva, destacando a extrema gravidade do crime. Ele foi transferido para a Casa de Custódia do Policial Penal e do Agente Socioeducativo, em Matozinhos, na Grande BH.
Investigação e versões
A Polícia Civil registrou o caso como tentativa de homicídio. A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que a Corregedoria da Polícia Penal instaurou procedimento administrativo para apurar a conduta do servidor.
A defesa do policial penal alegou que os tiros foram dados para afastar o outro carro, com o objetivo de proteger a própria família, sem a intenção de atingir a criança. O advogado Rafael Abeilar explicou que a transferência do réu para a Casa de Custódia ocorreu “pela sua condição funcional e por motivos de segurança”.
Já o pai da menina negou qualquer envolvimento em situações de risco. Ele contou que havia acabado de deixar Diogo de Vasconcelos, onde visitou os pais, e seguia em direção a Porto Firme quando um carro se aproximou rapidamente, fez uma ultrapassagem e parou logo à frente. Ao ver o motorista descer, pensou se tratar de um assalto e acelerou — foi nesse momento que ouviu os disparos e viu que Lavínia havia sido atingida.
O policial penal, por sua vez, disse que o outro carro tentou ultrapassá-lo, piscou os faróis e o fechou. Por acreditar estar sob ameaça, atirou. A arma utilizada foi apreendida na casa do agente, onde estava guardada em um guarda-roupa.
Fonte: Guia Muriaé, com informações do G1