Presos fazem cantata de Natal junto com cidadãos em Manhumirim

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Cerca de 400 pessoas assistiram neste sábado (19), à estreia do coral Luz no Cárcere, composto por 22 detentos, sendo 13 homens e 9 mulheres, do Presídio de Manhumirim. Esses tenores e contraltos se juntaram a 15 homens e mulheres, baixos e sopranos, moradores da cidade, para encenar, no palco do Santa Terezinha, um colégio particular das irmãs sacramentinas, a cantata de Natal “Rei de Amor”.

O sucesso do espetáculo, com o deslocamento, à noite, de um número significativo de detentos de um presídio pequeno e superlotado, para cantar ao lado de cidadãos livres que não conheciam, foi uma espécie de milagre natalino.

Se não é milagreira, Neucy Maria Viana Celestino, a voluntária que rege o Luz no Cárcere, tem talento e generosidade de sobra. Ela aprendeu música de ouvido, espreitando as aulas de violão que o pai, juiz de paz em Alto Jequitibá, dava nas horas vagas. Nunca estudou partitura, mas, graças à experiência no coro da Igreja Católica, organizou e conduziu 10 cantatas de Natal na cidade.

Da infância, Neucy guardou na memória os gritos de pessoas que ficavam trancafiadas no ‘cubículo’, perto de casa. Segundo ela, era um cômodo onde pessoas em conflito com a lei ficavam até serem levadas à cadeia mais próxima. “Eles gritavam e a gente levava água e comida”, conta.

Foi com essa lembrança que a ex-professora, que se graduou em Direito depois que os filhos cresceram, participou da mobilização para criar a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Manhumirim. Ela fez um curso de voluntária e acabou se tornando diretora da entidade. Como o Centro de Reintegração Social (CRS) da Apac está em construção, com recursos da Secretaria de Estado de Defesa Social, Neucy decidiu fazer já um trabalho de assistência aos detentos do Presídio de Manhumirim. Foi assim que propôs à direção do estabelecimento ensinar os presos a cantar.

“As condições eram muito desfavoráveis, mas isso me desafiou. Percebi que não era só organizar e treinar vozes. Era também ouvir os dramas que essas pessoas traziam e mostrar a elas que lá fora tem um mundo maravilhoso para se desfrutar com dignidade e transparência”, afirma a regente.

Assim, postada no meio do pátio de banho de sol, com os presos atrás das grades da galeria, Neucy começou os ensaios, ainda com muito receio. As mulheres ficavam do outro lado, também atrás de grades. Depois de alguns meses, todos foram ensaiar no mesmo espaço, o interior de uma cela usada regularmente para visitas íntimas. Não sem razões, a cantata de natal do Colégio Santa Terezinha assumiu ares milagreiros.

Fonte: Seds MG

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