Combate ao câncer de mama deve ser permanente

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A rotina frequente de exercícios físicos, acompanhada por uma alimentação saudável da policial militar Joyce Avelar, de 34 anos, foi interrompida com uma notícia séria. Ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama, após iniciar a investigação de caroço percebido no autoexame. Sem histórico familiar da doença, ela conta ter sido surpreendida com o resultado dos exames: “É chocante. Você fica assustada por isso acontecer com você. Na mulher isso tem um impacto muito grande, na estética, na aparência, pois queremos ficar sempre bonitas”, pontuou.

O diagnóstico foi dado pelo mastologista Eduardo Bruno Giordano, do Hospital Federal dos Servidores (HFSE), situado no Rio de Janeiro. O médico explica que nesta primeira abordagem a paciente precisa de uma comunicação clara e adequada ao seu perfil e enfatiza a importância do diálogo sobre o tratamento. Eduardo Bruno revela que a maioria das mulheres tem recuperação física e psicológica, além de obterem uma sobrevida superior a 95% quando identificam o câncer precocemente e fazem o tratamento completo.

O passo seguinte do tratamento de Joyce foi a cirurgia para retirada do tumor. Horas antes do procedimento, ela aguardava de mãos dadas com o marido, Alexandre Braga, e acompanhada pelo pai, na enfermaria da Ginecologia do HFSE. Seu olhar carregava um misto de expectativa e esperança para superar esta etapa do tratamento. No mesmo dia ela também realizou a primeira fase da reconstrução mamária.

A mastectomia

retirada total ou parcial das glândulas mamárias e do complexo aréolo papilar (mamilo e aréola) – desperta muitas dúvidas entre as mulheres, segundo o especialista. “Há mitos sobre o tratamento. A paciente chega com dúvidas e expectativas ruins sobre a cicatriz e sobre a recuperação. Dependendo do caso, a retirada da mama pode ser total, mas também há situações em que retiramos apenas um segmento, a chamada ressecção segmentar”, explica Eduardo. A cirurgia é uma forma de controlar a doença e é complementada com radioterapia e quimioterapia, quando necessário.

Ao longo do tratamento Joyce está recebendo o apoio do marido Alexandre, que reforça a importância de cumprir cada etapa. Ele lembra que uma das preocupações dela foi com a aparência. Em solidariedade, o companheiro raspou a cabeça para estimular a esposa a lidar com a estética ao longo das terapias. “A maior dificuldade é lidar com a vaidade. Eu falo que é passageiro, que o mais importante é tratar e vencer a doença e ter vida longa. Tratar, cuidar e vencer, pois o cabelo vai voltar a crescer”.

Reconstrução da mama: vaidade x saúde

“Às vezes as pacientes deixam de fazer o tratamento adequado por causa da estética”. A revelação do mastologista do HFSE expõe o risco que muitas mulheres correm ao supervalorizar a aparência física, em detrimento da saúde. Uma das formas de auxiliar na recuperação da paciente é a reconstrução mamária, garantida no Sistema Único de Saúde (SUS) pela Lei nº 12.802/2013. Esta cirurgia plástica reparadora é obrigatória para mulheres que passaram por mutilações decorrentes do tratamento de câncer. Quando a paciente tiver condições físicas, deve ser operada no ato da retirada do tumor, no segundo tempo cirúrgico. Se ela não dispor de condições para realizar a reconstrução no mesmo dia, pode fazê-la depois, quando tiver em condições.

O cirurgião plástico do HFSE, Marcelo Moreira, explica estes dois tipos de reconstrução mamária: “a imediata é feita após a paciente ser mastectomizada, no mesmo dia, e a tardia é feita posteriormente. No primeiro caso, a mulher precisa de indicação, pois o procedimento depende de alguns fatores como o tamanho do tumor, se a paciente é fumante, se tem hipertensão ou se está acima do peso.”A reconstrução é feita em três etapas, na primeira cirurgia coloca-se a mama, na segunda igualam-se as mamas e na terceira parte são reconstruídos os mamilos e as aréolas.

A recuperação da mastectomia leva cerca de um mês e permite que a mulher retome suas rotinas. Quando o tumor é maior, as pacientes precisam ser submetidas ao esvaziamento axilar, a retirada dos linfonodos axilares, e precisam ter um cuidado especial com o braço, preservando-o do esforço físico, pois pode ocorrer inchaço.

Prevenção

O Brasil tem hoje cerca de 50 mil casos de câncer de mama, de acordo com o oncologista do Hospital Federal da Lagoa (HFL) e integrante da Sociedade Brasileira de Mastologia, Rafael Machado. “Cerca de 74% das pessoas sobrevivem após o tratamento. Por isso, é fundamental o exame preventivo. A partir dos 40 anos, toda mulher deveria fazer uma mamografia por ano”, ressaltou o médico.

Para Rafael Machado, o fato de a população estar envelhecendo acarreta no aumento dos registros de doenças crônicas. Além disso, há outros fatores responsáveis pelo crescimento no número de casos de câncer de mama: ingestão excessiva de carboidratos e gordura, mais ciclos menstruais durante a vida, poucos exercícios físicos, consumo excessivo de álcool, gravidez após os 30 anos, primeira menstruação antes dos 12 anos e menopausa antes dos 45 anos.

Monitoramento permanente

A paciente Joyce reforçou a importância do autoexame na detecção precoce do câncer: “Se eu pudesse dar um recado seria o de reforçar a importância do autoexame. Comecei a investigar e se eu não tivesse esse costume quando fosse descobrir poderia até ter avançado. Ir ao médico com frequência é a melhor forma de lidar com a saúde”, enfatiza. Ângela Cortes, usuária dos serviços do Hospital Federal do Andaraí (HFA) há 10 anos, teve o diagnóstico de câncer de mama em 2005 e, atualmente, faz apenas acompanhamento preventivo. Ela reitera a importância desse monitoramento constante: “Sempre faço todos os exames e está tudo certo. Estou muito bem e sou muito feliz. A caminhada é longa, mas, graças a Deus, eu venci”.

Em um esforço voltado para garantir uma assistência humanizada às pacientes com câncer de mama, os seis Hospitais Federais do Rio de Janeiro, Andaraí, Bonsucesso, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores do Estado, realizaram, durante o primeiro semestre de 2015, mais de quatro mil mamografias e cerca de 2500 procedimentos para investigar a doença em mulheres.

Esses hospitais de média e alta complexidade utilizam uma abordagem multiprofissional para acolher as pacientes e os seus familiares ao longo dos tratamentos. Um exemplo deste trabalho é o grupo “Amigas do Peito”, fundado há seis anos no Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF). O grupo tem como principal missão o acolhimento e enfrentamento das emoções de pacientes que sofrem ou sofreram alguma intervenção cirúrgica em decorrência do câncer de mama.

As participantes trocam informações sobre a doença, recebem atenção psicológica e criam elos de sustentação emocional para atenuar as perdas, resolver conflitos, conter a ansiedade e ajudar nas tensões sociais na vida das pacientes mastectomizadas, relatou a psicóloga e coordenadora do grupo, Regina Vitória Valle.

Ângela Borges está em tratamento oncológico no HFCF e participa do “Amigas do Peito” desde abril do ano passado. Ela passou por uma cirurgia para a retirada de um segmento da mama e três meses depois o resultado da biópsia indicou que ela fizesse uma mastectomia, com retirada total das glândulas mamárias. Desde então ela busca apoio com as “Amigas do Peito”: “O grupo faz com que a gente reaja e seja otimista diante da vida”.

Fonte: Antônio Vianna, Pâmela Pinto e Roberto Abib (ASCOM/RJ/MS)

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