Bilhete da morte: antes de matar colega de escola a facadas, adolescente entregou a ‘sentença’
Crime, que assustou moradores de Uberaba, foi premeditado e teve participação de outro adolescente, segundo a Polícia Civil e o Ministério Público
Foi realizada na manhã desta terça-feira, 20 de maio, em Uberaba, uma coletiva de imprensa com as participações do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e das Polícias Civil (PCMG) e Militar (PMMG) sobre a conclusão das investigações a respeito do ato infracional análogo a homicídio ocorrido, no dia 8 de maio, nas dependências de uma instituição de ensino em Uberaba. Conforme as investigações a ação foi planejada, dois adolescentes foram apreendidos, a pedido do MPMG, e não há lista de possíveis outras vítimas.
Além de informar sobre o andamento das investigações, observando o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e o sigilo judicial, “a coletiva serviu para confirmar que o fato foi um caso singular, não há uma terceira pessoa sendo investigada e que não existe lista com nomes de possíveis outras vítimas conforme se comenta na cidade”, ressaltou o promotor de Justiça Diego Martins Aguillar, que atua na Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Uberaba).
Ainda conforme o promotor de Justiça, é importante que a sociedade esteja informada sobre o andamento do caso e fique tranquila, pois as escolas estão seguras”.
Além de Diego Martins, prestaram esclarecimentos os promotores de Justiça André Tuma Delbim e Fernanda Fiorati Freitas (coordenadora regional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes do Triângulo Mineiro), delegados de Uberaba Cyro Moreira (titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e Armando Papacideiro Filho, e ainda o tenente-coronel Cassemiro Martins (comandante do 67º Batalhão da PM).
Relembre o caso
Uma adolescente de 14 anos foi morta a golpes de tesoura dentro de sala de aula, no início da tarde desta quinta-feira (8), no Colégio Livre Aprender, localizado no bairro Universitário, em Uberaba, no Triângulo Mineiro. O principal suspeito do crime é um colega de turma, também de 14 anos, que fugiu do local logo após o ataque, mas foi apreendido horas depois pela Polícia Civil.
Segundo informações da instituição de ensino, o caso ocorreu durante uma aula do 9º ano do ensino fundamental. O estudante teria agredido a colega com uma tesoura e, em seguida, saído da escola sem ser impedido. O motivo da agressão ainda não foi esclarecido pelas autoridades. A vítima foi identificada como Melissa Campos.
Um dos professores da escola, que é estudante de medicina, prestou os primeiros socorros à vítima enquanto aguardava o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A equipe médica tentou reanimar a adolescente, mas ela não resistiu aos ferimentos e morreu no local. O corpo foi encaminhado ao Posto Médico-Legal para exames.
Por volta das 17h30, a Polícia Civil confirmou a apreensão do adolescente suspeito. Por ser menor de idade, ele será apresentado à Vara da Infância e da Juventude, que decidirá, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), as medidas socioeducativas cabíveis. A polícia não divulgou detalhes sobre onde o jovem foi encontrado, nem as circunstâncias da abordagem.
Bilhete da morte
Conforme informações da Polícia Civil e do Ministério Público, as câmeras de segurança da sala de aula flagraram o momento em que a aluna é surpreendida pelo recado e, antes que conseguisse pedir socorro, o suspeito a atinge com vários golpes. Depois, ele sai da sala caminhando e foge do colégio. O jovem foi apreendido horas depois, enquanto Melissa teve a morte confirmada ainda no local do crime.
“As câmeras mostram que ele entrega um papel para a vítima e, segundos depois, começa a desferir os golpes. Essa folha de papel contém algo como se fosse uma sentença de morte — era o título. A impressão que dá é de que ela não entende. Então, foi pega de surpresa”, detalha o delegado Cyro Moreira, que participou das apurações.
As investigações apontaram ainda, segundo a PCMG, que o crime foi planejado pelo executor com o apoio de um amigo, também de 14 anos. No dia do crime, o suspeito levou uma faca para a escola e, junto com o colega, definiu quem seria a vítima. “Eles são colegas de sala, sentam um ao lado do outro. As câmeras deixam muito claro que os dois envolvidos sentavam perto da vítima, praticamente encostados, e que trocaram papéis. Após o crime, o autor saiu caminhando da sala de aula devagar, porque ninguém percebeu o fato”, explica o delegado.
As imagens mostram, ainda, que o segundo envolvido também saiu da sala logo atrás do amigo. Segundo o delegado Cyro Moreira, cadernos dos suspeitos que foram apreendidos continham um plano de fuga. “O colega partícipe (comparsa) saiu logo atrás dele, caminhando, não disse nada para ninguém, mas foi interceptado e impedido por uma funcionária da escola. Quando ele retorna à sala, dá uma justificativa dizendo que teria ido procurar o primeiro executor. A ligação entre eles está bem definida nos autos, não há dúvida da participação dele — e apenas dele”, garante.
Fonte: MPMG / O Tempo