Hanseníase tem tratamento e cura

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“No Dia Mundial de Luta contra a Hanseníase, celebrado este ano no dia 26/01, será importante para dar visibilidade à divulgação de sinais e sintomas com objetivo de diagnosticar e tratar os casos existentes, o mais precocemente possível. E também para a promoção e defesa dos direitos das pessoas acometidas pela doença e seus familiares”, explicou a referência técnica da Coordenação Estadual de Dermatologia Sanitária da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Maria Aparecida de Faria Grossi.

Em Minas Gerais são notificados aproximadamente 1.500 novos casos de hanseníase por ano. Em 2012, por exemplo, foram 1.479 novos casos, o que significou 7,45 diagnósticos a cada 100 mil habitantes. Deste total 12,3% foram diagnosticados tardiamente e, portanto, já apresentando deformidade decorrente do avanço da doença.

Quando não tratada ou quando há demora no tratamento, a doença pode causar incapacidades físicas. Mas isso pode ser evitado com o diagnóstico precoce e o tratamento imediato, disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

O tratamento é gratuito e pode durar de seis a doze meses. Os medicamentos são disponibilizados pelo SUS e devem ser tomados todos os dias em casa e, uma vez por mês, sob supervisão no serviço de saúde. Exercícios para prevenir as incapacidades físicas, além de orientações da equipe de saúde da família sobre o autocuidado também fazem parte do tratamento.

“Vale ressaltar que, imediatamente após iniciar o tratamento, o paciente já não mais transmite a hanseníase para as pessoas com quem convive. Se a população tiver acesso a informações sobre o que é a hanseníase, o diagnóstico será feito mais precocemente, evitando o aparecimento de deformidades. Além disso, em casos iniciais o tratamento é realizado por um tempo menor”, disse Maria Aparecida de Faria Grossi.

De acordo com Grossi, os casos de hanseníase estão distribuídos por todo o estado, mas a situação merece maior atenção na divisa do estado com o sul da Bahia e Espírito Santo, na divisa com Goiás e Distrito Federal e na divisa de Goiás com o Triângulo Mineiro.

A doença

A hanseníase é doença infecciosa, crônica, causada por uma bactéria – M. leprae. Ela afeta a pele e os nervos periféricos, em especial os dos olhos, braços e pernas. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos. É importante que, ao perceber algum sinal, a pessoa com suspeita de hanseníase não se automedique e procure imediatamente um serviço de saúde.

“Qualquer mancha na pele ou área de pele aparentemente normal, mas com alteração de sensibilidade, pode ser hanseníase. Neste caso o paciente deve ser encaminhado a uma unidade de saúde para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento”, disse Aparecida Grossi.

Colônias

A Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) tem quatro ex-colônias de hanseníase que transformaram-se em modernos centros de reabilitação e cuidado ao idoso, além de oferecer atendimento à população em geral em diversas especialidades médicas.

A mais antiga das ex-colônias de hanseníase do estado, a Casa de Saúde Santa Izabel está localizada em Betim e faz parte do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paraopeba, oferecendo atendimento ambulatorial nas especialidades de dermatologia, oftalmologia, cardiologia, ortopedia, ginecologia, hansenologia, odontologia e cirurgia geral e plástica.

Nos dias atuais, a Hanseníase é uma doença que pode ser tratada e curada com a poliquimioterapia, mas de acordo com o coordenador do Núcleo de Ensino e Pesquisa (NEP) da Casa de Saúde Santa Izabel, Marco Túlio de Freitas Ribeiro, se voltarmos lá na década de 1930 veremos que não era bem assim.

No ano de 1931 foi inaugurada a Casa de Saúde Santa Izabel, cerca de 40km de Belo Horizonte. O local, novo lar dos hansenianos, era cercado de água, a propósito, para que os internos ficassem isolados, ninguém podia entrar ou sair sem autorização.

A Colônia Santa Izabel, assim chamada antigamente, tinha sua estrutura física bastante simples, e era lá que os seus novos moradores, os pacientes, viviam suas vidas, eram “tratados”. Na época com tratamento não efetivo e transmissão por via aérea, poucas pessoas se habilitavam ir trabalhar lá, deixando os internos uns por conta dos outros. Quando os médicos tinham que ir tratar dos pacientes, eles usavam uma roupa muita proteção, pelo medo que tinham.

Todas as portas eram trancadas com correntes e constantemente vigiadas. Os pavilhões eram coordenados por freiras, e as regras de convivência eram rígidas. Algumas mães atravessam o rio para terem seus filhos, já que as freiras normalmente tiravam as crianças de suas mães e as levava para uma nova família, sadia. Muitos cometeram o suicídio.

Apesar de tudo isso, eles viviam uma vida “normal”. Quem tinha condições físicas podia trabalhar, praticavam esportes e tinham muito acesso à cultura. Havia sessões de cinema, festivais de teatros, bailes aos sábados e domingos. Esses eventos eram animados pelo grupo de jazz formado por internos da própria colônia Santa Izabel. Além disso, no salão de jogos eram promovidos bingos e jogos envolvendo toda a comunidade.

Em 1965 foi permitido que os pacientes deixassem a instituição, porém a maioria ficou, já que tinha consciência do preconceito que existia na sociedade existente além das águas que rodeavam ali.

Quando em 1980 o tratamento efetivo foi criado, muitos hansenianos já tinham constituído família e construído uma vida ali. Segundo o coordenador do NEP, Marco Túlio, com a cura para a doença, não era mais preciso deixar os doentes isolados, e com isso a colônia deixou de receber internos e passou a cuidar daqueles que ali envelheciam. “Muitas pessoas que tiveram a Hanseníase no passado ficaram com sequelas, e por este motivo a antiga Colônia deu lugar a Casa de Saúde Santa Izabel, um local de reabilitação e cuidado para estes idosos”, explicou.

Fonte: Juliana Gutierrez e assessoria Fhemig / Foto: Wikimedia Commons

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