Coluna do Carlos Cerqueira – A saúde está no “ar”

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Podemos dizer que o ar é nosso principal alimento já que sem ele não conseguiríamos sobreviver por mais de alguns minutos. A respiração é uma função do sistema nervoso autônomo, ou seja, acontece independentemente de estarmos conscientes, mas podemos mudar a forma como ela ocorre para usufruirmos melhor seus benefícios.

Na Índia existe a palavra “prana”, que seria o mesmo “chi” da China ou “lung” do Tibet, significando algo como “a energia que nos mantêm vivos.” a qual estaria contida no ar, por isso ensinam a importância em preencher o pulmão completamente e respirar lenta e profundamente para dar tempo ao organismo de absorver essa força.

Por lá há muitas citações sobre a relação da respiração com a saúde e emoção: “Há duas causas de pertubação na mente: desejos e respiração. Se houver controle de uma, a outra será controlada. Das duas (causas), a respiração deve ser controlada primeiro” (Yogakundlyupanishad). “Quando a respiração está equilibrada, a mente está equilibrada” (Charakha Samhita). “Quando a respiração é inconstante, tudo é inconstante, quando a respiração é tranquila, tudo é tranquilo. Administre a respiração cuidadosamente, inalação dá força.., retenção dá estabilidade e longevidade, expiração purifica o corpo e o espírito” (Goraksasathakam).

O que esses povos já sabiam há milênios, começou a ser comprovado pela ciência, a partir do séc. XIX, um projeto da Universidade de Leipzig na Alemanha, encabeçado por Wilhelm Wundt, pesquisou a relação das alterações respiratórias com as alterações do estado mental. No séc. XX, cientistas americanos verificaram que, quando o homem respirava profundamente, aparecia endorfina na corrente sanguínea, substância que afeta o córtex cerebral, atua na regulação de vários órgãos, influencia na superação de temores e receios e gera sensação de bem-estar.

Em estudos mais recentes, se observou uma ligação entre o movimento do diafragma e as alterações do estado emocional. Num exame broncoscópio inicial, revelou que o tamanho da cavidade bronquial varia em resposta a estímulos agradáveis e desagradáveis. Um exame radiológico posterior confirmou que tais estímulos provocavam acentuadas alterações nos movimentos diafragmáticos. Em outro desses estudos foi verificado que há uma ligação maior das emoções com a expiração do que a inspiração.

Desde 1999 o médico Alcio Braz, chefe do Serviço da Saúde Mental do Hospital da Lagoa, implantou nos tratamentos para portadores de transtorno do pânico, um protocolo de 12 semanas com sessões de terapias que ele chamou na época de “relaxamento com atenção à respiração”. Entre 11 pacientes do primeiro grupo, 9 não só melhoraram, como quiseram adotar a prática como parte de suas vidas diárias.

Como observa Dennis Lewis no livro O Tao da Respiração Natural, se alguém pedisse que respirássemos profundamente, quase todos nós iríamos erroneamente esforçar para encolher a barriga, expandir a parte superior do peito e levantar os ombros, essa é a forma pela qual a maioria das pessoas mais ou menos respira a maior parte do tempo.

Segundo ele, com essa respiração insuficiente, uma série de funções do organismo ficam comprometidas: há um dispêndio maior de energia ao exigir frequências respiratórias e cardíacas mais elevadas, redução no volume do suco gástrico disponível para o processo digestivo e retardo no fluxo do sangue venoso, o qual transporta metabólicos prejudiciais para serem eliminados nos pulmões, órgão que faz 70% desta depuração no organismo. Ao contrário, quando feita corretamente, além de evitar estes prejuízos, regula a pressão arterial, aumenta a imunidade e o movimento dos resíduos no intestino (peristaltismo) combatendo prisão de ventre.

Alan Hymes, médico e antigo pesquisador sobre o assunto, descreve didaticamente a respiração correta: “se inicia com a contração do diafragma, a qual provoca leve expansão das costelas inferiores e o deslocamento pra fora da parte superior do abdômen, oxigenando assim as porções inferiores dos pulmões. Em seguida, a parte mediana dos pulmões se expande, com projeção do peito na fase torácica, à medida que a inspiração prossegue. Ao fim desta, ainda há admissão de ar, verificável através deu um discreto levantar das clavículas, o que permite a expansão da porção superior dos pulmões. Assim, cada fase da inspiração atua sobre determinada área dos pulmões”

Concluímos citando outro médico, Jorge Adoum, escritor de vários livros, que afirmou certa vez que o homem morre porque aspira mais ar do que expira, deixando um ar viciado em seu organismo: “O homem equilibrado respira com mais força e vigor e sua respiração sã e alegre extermina todos os átomos destrutivos. Se o homem respira segundo o ritmo da natureza, viverá sempre são, sentindo a palpitação saudável da vida.”

Autor: Carlos Cerqueira Magalhães – Farmacêutico, M.e em Ciências Farmacêuticas (Produtos Naturais Bioativos) pela UFJF

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